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Minha poética não contém um duplo letreiro

nem o zunir das rodas dos carros sobre os atoleiros

maldizendo das barbaridades e das fracas estruturas.

Ela possui o cheiro original do látex  

possui o espírito da língua

e conhece as fronteiras das envergaduras.

 

 

- Se correr o bicho pega

     se ficar o homem entrega.

  Tempo de lutas em tempo sem regras. -

 

 

O verbo sempre indica o tempo da tragédia e da cúpula dos homens

 

o histórico navio negreiro

 

as casas dos puteiros

 

coligados de condutas...

 

E a vida vai fazendo um longo cruzeiro

morte

sorte

o homo sapiens de corpo inteiro.

 

Na avidez de um tempo zás-trás

o  homem vai transitando com seus objetivos

nobres

ou cheirando a lama cinzenta dos lamaceiros.

 

  

- Um tempo arteiro

           marcante

        com olhos de arqueiros.-

   

        

Mesmo sem eixo e sem paradeiro

com o homem negando o grotesco

 negando o direito

 negando a imperfeição.

   

A vida segue...

 

Segue!

 

Acreditando que sorriso é calmante

e que o tempo é mutante.

 

  Mutante! 

                  

Divinamente mutante!

 

 Março

 

 abril

 

maio de mãos dóceis

        outras sufocantes.

  

Junho

 

julho

 

agosto

 

setembro

 

primaveras

 

verões entre tantos...

 

 Natais com desejos avante.

 

 

2020...203o...2040...2060...2090...3010

 

 (...)

 

   - Sem um duplo letreiro

    ontem eu li que foi um século que um vírus levou gente do mundo inteiro

                             abruptamente e sem nenhuma flor. -  

 

  

Li e reli!

 Paulatinamente li e reli!

  

Era um toma lá dá cá entre as bocas

um mesquinho teor

com a filosofia barata do dedo indicador

massacrando as Américas sem o genuíno tambor.

 

 Um século que o homem vivia um papel esquisito

era a suposta lei ou dezenas de gritos

mortes

tiros

palpites mal ditos.

Era uma Era com tantas malícias

com a imposição das aposentadorias vitalícias

e verdades não ditas.

Alguns tentaram cutucar a visão crítica com palavras

com os pés na estrada

com a viola musicada.

 Eles viveram uma era de feras com torradas rastreadas

abduzidos por cobras criadas forjando caçadas

alimentando uma vida roubada

ofuscando a esperança e a fé

com os ditames do nada.

 

Adormecidos entre as sagas...

 

Uma era de pragas!

 

Com vacinas importadas e a reverência entre os camaradas

eles sentiram na pele uma era salgada

sendo dor

sendo ferida reciclada

submetidos aos subterfúgios das pavimentações negociadas

diante dos intercâmbios das línguas afiadas

politizados por CPIs hipnotizadas.

 

 Lamaceiro...

         Era condicionada!

         Era escravizada!

 

  

 

 

 Rosa Watrin

 

 

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