letra e música / Rosa Watrin
Uma Carta de Ás
A delicada
metade de mim sou eu
aí de quem ousar mesclar.
Sou rastros de lua cheia
aí de quem ousar mesclar.
Sou rastros de lua cheia
chumbo
algodão
ás vezes sou veios de frases nuas.
ás vezes sou veios de frases nuas.
Na dicotomia dos
dias
agrego amigos com a
firmeza umbilical dos meus sentidos
ariana
ariana
sou temperatura
térmica anti coagulante.
Depois do entardecer
sou puro calmante
no tom do relaxante
alecrim
uma carta de ás retardando a certeza de um fim.
uma carta de ás retardando a certeza de um fim.
No extenso campo
existencial dos olhares das minhas verdades
vivo a escanear o
clarão das labaredas
definitivamente
definitivamente
a devoradora
escuridão não faz parte de mim.
Rosa Watrin / 2019
Raízes brasileiras
Existem tantos talos jogados nos ralos
desvios
soluços
um aguaceiro
um país no tempo dos intervalos.
Uma rede
um embalo
um roncado legalmente negado
um viver quase enterrado.
Há um cume
um distante perfume
muitas bocas
muitos dentes
chão presente
Enraizado.
desvios
soluços
um aguaceiro
um país no tempo dos intervalos.
Uma rede
um embalo
um roncado legalmente negado
um viver quase enterrado.
Há um cume
um distante perfume
muitas bocas
muitos dentes
chão presente
Enraizado.
Rosa Watrin
O que te assusta?
Sim...
O que
te assusta?
Se a
puta quando passa
tu
apontas.
O que
te assusta?
Se não
fazes a rotineira equação das tuas contas
nem a
janta
tu aprontas.
Com a
respiração equacional do diafragma
cantas
cantas
cantas...
E nem a ti encantas!
Do que
vale a reza
a busca
santa
se a
vida em riste
crua
e gasta
te desmonta!
Rosa
Watrin
Sinval
meu passarinho
não fique triste por ser tão pequenininho.
Sinval
um passarinho
grande
meu passarinho
não fique triste por ser tão pequenininho.
Sinval
um passarinho
grande
velho
pequeno
mocinho ou depenado
nunca fica atrapalhado.
Passarinho hábil
sabe voar alto
sabe trocar meticulosamente suas penas
pousar em várias antenas
e não detona o perfil questionador das Madalenas.
Passarinho feliz
mocinho ou depenado
nunca fica atrapalhado.
Passarinho hábil
sabe voar alto
sabe trocar meticulosamente suas penas
pousar em várias antenas
e não detona o perfil questionador das Madalenas.
Passarinho feliz
balança o rabo
quando toma banho nos telhados
seleciona gravetos
dorme em guetos
gaiolas
parapeitos
e bica com lisura amores e amarguras .
Sinval
mesmo pequenino
passarinho faz um gostoso ninho
Se 1/4 ou 1/3
goza feliz
sem precisar de pedigree.
Neste mundo cabeludo de pecados
tudo pode ser clonado
reproduzido
copiado
até ser perdoado.
seleciona gravetos
dorme em guetos
gaiolas
parapeitos
e bica com lisura amores e amarguras .
Sinval
mesmo pequenino
passarinho faz um gostoso ninho
Se 1/4 ou 1/3
goza feliz
sem precisar de pedigree.
Neste mundo cabeludo de pecados
tudo pode ser clonado
reproduzido
copiado
até ser perdoado.
Ademais
Sinval
viver é um composto apimentado
às vezes um aval
um troco.
Sinceramente
Sinval!
É melhor viver
e ter o prazer de experimentar o próprio corpo motivado
no caminho de Deus
tentando fugir do diabo.
Sim
Sim
meu querido Sinval
nada como o bom discernimento
o pauzinho chinfrim que segura a carne retirada do osso
nada como o bom discernimento
o pauzinho chinfrim que segura a carne retirada do osso
- o famoso espetinho!-
Possui um papel fundamental
nas divisas
ele é o tal!
A discriminada carne de pescoço
um desbotado dólar no bolso...
Proporciona um gostoso e prazeroso alvoroço
dentro deste mundo disputado
A discriminada carne de pescoço
um desbotado dólar no bolso...
Proporciona um gostoso e prazeroso alvoroço
dentro deste mundo disputado
e de pescoços.
Rosa Watrin
Amor Sem Logofobias
Sem nenhuma logofobia
e com o ínfimo dos nossos segredos
descarto as regalias
contorno 360 graus
largo a falsa moral
sem temer a avidez viciada dos nossos
corpos
e da impactante bruma fria do anoitecer.
Fico ao bel-prazer
sem nenhuma logofobia
totalmente transgredida
sendo ser
dotada de escolhas
em prospectivas
que justifiquem o sentido do querer
alquimias dos corpos
gozo do viver.
Na extensão da minha alcova
vivo o corpo em chamas
sem medo de sentir
de falar
sou tua!
Rosa Watrin
QUANDO O MEU LADO ESCRITOR FOR POETA
Quando o meu lado escritor for poeta
talvez ele brinque com as coloridas
petecas
suje as mãos
e criativo
use canetas e teclas.
Bem light
tête-à-tête
deixe de erguer o queixo para franzir
a testa.
Quando o meu lado escritor for poeta
espero que ele recite em praças
públicas
sem as armaduras das leituras turvas
retardando a voz.
E sem medo das alternâncias sob os
arvoredos
coma seis cocadas
com a boca totalmente adoçada
dê boas risadas
e sem fazer beicinhos
fale...Fale...Fale...
Fale com carinho
fale muito zen dos ninhos
como o Manoel dos passarinhos.
Diante da leveza das alvoradas
corra intensamente por várias
calçadas
curtido
não se reprimindo
ante o perfil condicional
do impregnado poder do capital.
Que este lado poeta
viva vivendo
fazendo mais de mil cagadas
feito gente que ama a vida
feito gente que ama gente.
Que observa
que sente
que identifica a luz do sol
a luz da lua
a se sobrepor ao brilho da serpente.
Usando os olhos a gerenciar a mente
não as capas mórbidas
que limitam o intercâmbio visceral
tão agente
tão
presente.
--------------------------------------- Rosa Watrin