Leve entre
os vieses //
Não são
versos mesquinhos
muito
menos atrozes
que
atravessam e determinam meus caminhos.
Nem as
intempéries do destino
desviando
com as distorções de seus vieses.
Os
versos que atravessam meus caminhos
livres e
imperiosos
me são leves.
Rosa
Watrin
Maio/2019
O
passado é memória
Letra e
música Rosa Watrin
Arranjo e interpretação João Urubu
Deixa o
samba tocar
deixa o
samba rolar
cair por
cima de mim.
Deixa o
samba tocar
deixa o
samba rolar
cair por
cima de mim.
Um som
bem marcado
deixa o
corpo dosado ao prazer do samba.
Um som
bem marcado
deixa o
corpo dosado ao prazer do samba.
Sambando...
Traz o
passado a memória
a enfatizar
que
existe mito nos morros
e beleza
nas escolas.
Em
ranços e glórias
a vida
soma em horas
sambando...
A vida é
um porvir.
Deixa o
samba tocar
deixa o
samba rolar
cair por
cima de mim.
Deixa o
samba tocar
deixa o
samba rolar
cair por
cima de mim.
Ao som
da história
o samba
agita
o samba
conquista
e faz do
ritmo
um
patrimônio seu.
Entre um poste e uma mangueira //
Entre um poste e uma árvore
existe uma passagem
existe uma passagem
existe uma densa luz se sobrepondo
aos cadeados
existe o calor do corpo malhado
atos benéficos
atos absurdos e atos confessados.
Existem telhados
atalhos
barulhos soterrados.
Existe o badalar de um sino distante
apaziguando um corredor viajante.
Existe o aconchegante sentido do lar
o costumeiro lugar
olhares moventes
um foco servil
pólvora
fuzil.
Existe o real esboço
de traços
de rostos
respeitando o diferencial do perfil.
Entre um poste e uma árvore
existem centÃmetros em verdades
arranhadas
sorrisos
e a declarada arte no muro
retratada.
Existe pão e dor
o momento amargo
a voz que canta e grita
o conciliador
e o aroma envolvente da pequena flor.
Entre um poste e uma árvore
existe um campo de experimentação
um latido
uma criança
e a precisa determinação.
Existem vivências
o imbatÃvel tom dos amores
violências
dividindo razões.
- Existem ares interligados e
olhares armados
existe um
território transitório e interativo para a educação
luz
destino
um
linguajar uterino
cutucando a indigestão. –
Entre um poste e uma árvore
existe o vitral da vida nas calçadas
remendadas de concreto
existem mofo
morte
feto.
Existem paradeiros e alpendres de
afetos
a contabilidade em subdivisão
um solar de intrigas
lutas
medidas
e para azeitar ainda mais as
primÃcias da sua personificação
existe o vai e vem irritante do livre
trânsito
estabelecendo mão e contramão.
... Pouco importa!
Pouca importa
se a sonoridade diariamente investiga
lucidez e razão
com a beleza das notas e das interrogações.
- Pouco importa à razão!
Viver é pura interrogação. -
A Vila Ramos
é passagem
intercomunicação
um caminho assoberbado pelo excesso
mutante das informações
pelo excesso da população
do sim
do não
e pelo aglomerado singular e hostil
das gerações.
A Vila Ramos é tradução e tradição
temática lÃrica e visceral para
canções
sonorizadas em rabeca
guitarra
violão.
Doce e ácida
a Vila Ramos possui vizinhança de
anjo e de cão
como qualquer passagem deste solo
chão.
- A Vila Ramos é tão Paris
com a sua Notre-Dame. –
A Vila Ramos é solo civilizatório
de gente que norteia
que pulsa
que desafia o processo imprescindÃvel do viver
do viver e do
querer.
Sempre enfatizando com genuÃna transparência
o viver pragmático
do seu real percurso.
A Vila Ramos possui veios
trâmites
veias
focada
na viabilidade opcional da razão
frente
às escolhas.
Rosa Watrin
A delicada
metade de mim sou eu
aà de quem ousar mesclar.
Sou rastros de lua cheia
aà de quem ousar mesclar.
Sou rastros de lua cheia
chumbo
algodão
ás vezes sou veios de frases cruas.
ás vezes sou veios de frases cruas.
Na dicotomia dos
dias
agrego amigos com a
firmeza umbilical dos meus sentidos
ariana
ariana
sou temperatura
térmica anticoagulante.
Depois do entardecer
sou puro calmante
adormecida nos florais
do alecrim
uma carta de ás retardando a certeza de um fim.
uma carta de ás retardando a certeza de um fim.
No extenso campo
existencial dos olhares das minhas verdades
vivo a escanear o
clarão das labaredas
definitivamente
a devastadora
escuridão não faz parte de mim.definitivamente
Rosa Watrin / 2019
Limites marcantes
Além da Coca-Cola
existem preâmbulos ofegantes
manipulando o poder para condicionar.
Existe o marcante limite entre céu e
mar.
Sobre a simples bancada
permanece um pálido pé de alface
apodrecido
um sentido perdido
e o minucioso limite do que é digno.
No caminho evolutivo da razão
existem os decibéis do pensar
e o inexplicável suicÃdio a
proliferar.
O homem falido
reconstruindo inúmeros motivos
instigado a se drogar
feito um alcoólatra perdendo os
sentidos
desenfreado
a se desintegrar.
Rosa Watrin /maio
Deixa o vento bater
a porta vai ficar
sempre aberta.
Deixa o vento bater e
entrar
Deixa!
Deixa!
Porque o vento imbuÃdo
com a essência dos envolventes cheiros
atiça as narinas.
No tempo das longas vigÃlias
o sol chega vestindo
com madrepérolas
a leveza das manhãs
enquanto a chuva
às vezes como as
lavras
leva o teimoso
plantio.
Deixa o vento entrar
deixa!
O pertinente vazio
o vento preenche.
O vento preenche
moldando a arquitetura do rosto
quando o suor vira
lágrimas.
Deixa o vento adentrar
porque o vento frio
também anestesia as dores
e o poema
transcende em reticências
...
Rosa Watrin/ 14 de
maio
Para
mim
tu
continuas perspicaz aos meus olhos
e eu te
amo.
Eu te amo
porque tu somas a razão das lógicas
alicerçando a filosófica argumentação.
Somas os sentidos
anestesiando a fragilidade do coração.
Território sólido
desejos
proibições.