12:21
Minha poética não contém um duplo letreiro
nem os giros dos olheiros por baixo dos
panos
com as desculpas dos enganos.
Ela possui o cheiro do látex
possui o espírito da língua
e conhece as fronteiras das envergaduras.
Se correr o bicho pega
se ficar o homem entrega.
- Tempo de lutas em tempo sem regras. -
O verbo sempre indica o tempo da tragédia e
da cúpula
homens
cativeiros
lutas.
E a vida vai fazendo um longo cruzeiro
morte
sorte
o homem de corpo inteiro.
Na avidez de um tempo zás-trás
o linguajar vai transitando com objetivos rasteiros
.
- Um tempo marcante
vivo em dor
com
olhares falantes.-
Mesmo sem eixo
com o homem negando as contraditórias versões
negando a imperfeição
a vida segue acreditando que sorriso é
calmante
e que o tempo é mutante.
Mutante
!
Mutante!
Março
abril
maio de mãos dóceis
outras sufocantes.
Junho
julho
agosto
futuro entre tantos.
Natais com sabores avante.
( ...)
- Sem um duplo letreiro
ontem eu li que foi um século que um vírus
levou gente do mundo inteiro
sem nenhuma
flor -
Foi um tempo que o homem disputou um mesquinho
teor
era um toma lá dá cá entre as bocas
entre as Américas sem o genuíno tambor.
O homem vivia um papel esquisito
era a suposta lei ou um louco grito
era uma era com tantas malicias
com
pensão vitalícia.
Alguns
tentaram cutucar a visão crítica com palavras
com os pés na estrada
com a viola musicada.
Eles viveram uma era de feras com feras
de falsas paqueras
de cobras criadas forjando caçadas
alimentando uma vida roubada
desviando a fé
com os ditames do nada.
Eles sentiram na pele uma era salgada
sendo dor
sendo ferida curada
corpo
estrutura
enfrentando os subterfúgios das pavimentações
combatendo as infiltrações da loucura.
Rosa Watrin
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