22:49


Eu não sei se existe esquerda ou direita nas sarjetas perto do cais
sei que o chão que elas percorrerem
parece nunca ter fim.
Sobre elas passam fungos
sonhos
odores mutantes
recorrentes no mundo.
Neste tempo desnudo
um raio de sol adentra em labaredas
acordando os impulsos dos instintos primários
e vorazes  
eles  vão fuçando
fuçando
perfurando buracos profundos.
Na falta dos sonhos e dos bons costumes
um som ecoa quebrando a fidelidade marginal do silêncio:

Psiu! Psiu!
Perceba!

 -Existe o reflexo da fome no fundo das sarjetas
                  além das putrefações das águas. –

Existe um mundo escondido...

_ Leitor, você pode acrescentar palavras com a percepção presencial dos seus sentidos! _

Espere!
          Espere! Não é o fim!

Nem direita
nem esquerda
no jogo que empacota e enquadra o caminho das águas turvas
sem a precisa nitidez dos reflexões nas retinas
a terra contaminada
vai virando cova
não morada.

Impactada...

Termino o poema com choro de língua molhada
os pés no chão
com o sentido renovado de casa.


Rosa Watrin

Poema   Nem esquerda / Nem direita ... VIDA!

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