Ares propícios

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Ares propícios 💙

       

 

 

Além da incisão

 havia uma fala equivocada

não havia uma criança na calçada.

Literalmente no clarão da alvorada

havia uma pipa sendo cortada.

 

   -  A rapaziada?

        Ah! A rapaziada! –

 

A rapaziada era hippie

era fumo em consumo

era amor

era rock

na camiseta era stop!

 Era um som dando um tom

um abraço

um petisco

era um solo

era um disco

o Brasil era um risco!

 

Quase um fim!

 

Era um dito pasquim

agitando a turma

borbulhando em mim...

Paralelamente a língua era redobrada

era um AI-5

era um ato absurdo

era um trilho soturno

 

Era um tiro no escuro.

 

Um sapato

um coturno

era tudo.

Era chave

era um trinco

era a volta de brinco.

 

-- Era um chão minado de sonhos sobre um céu aberto. -

 

 --- Rumo incerto

decapitando os direitos e desenhando os dias proféticos. ---

 

Era um tempo cassado

era a caça de um cão com mil gatos

era um cabo de aço.

 

E o corpo escondia o cansaço

era um tombo

um cagaço.

 

Era um não

sobre as sobras de um pão.

 

No memorial arquivado era um grito abafado

um descampado minado

um corpo plantado.

 Desde então

 existe muito mais na voz da canção...

E apesar do derradeiro camburão

a sonhada utopia não morria

era um foco

era um guia

uma gíria que sobrevivia nas madrugadas que o mundo não via.

 

Nas penumbras dos ventos e das vias...

 

Foram dias!

 

Foram dias!

 

Nos degraus dos tempos veio o movimento

veio a pá

o encontro

a corrente

a ventania ...

Veio o olho

o socorro

a serpente.

 

E frente a frente

veio novamente o sentido do tempo!

O tempo

o tempo em seu tempo.

 

 

Como não acreditar nas caravanas

na força humana

se o homem vive a lutar.

 

E sem acrescentar a poluída invasão sobre os ares propícios

eu posso afirmar

que a fé faz do Norte um altar

perdoando as malícias

acreditando no artista

e na vida que se reedita com a plural natureza

mapeada em belezas com delícias na mesa.

 

E sem as manobras das delongas

Vem pra cá!

Vem !

Vem pra cá!

Vem conjugar o natural linguajar

vem sentir as valências

com a vital referência

que movimentam este agradável lugar

 

Belém

 

Belém do Pará!

 

 

Rosa Watrin

 

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