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Entre um poste e uma mangueira //


Entre um poste e uma árvore
existe uma passagem
existe uma densa luz se sobrepondo aos cadeados
existe o calor do corpo malhado
atos benéficos
atos absurdos e atos confessados.
Existem telhados
atalhos
barulhos soterrados.

Existe o badalar de um sino distante
apaziguando um corredor viajante.
Existe o aconchegante sentido do lar
o costumeiro lugar
olhares moventes
um foco servil
pólvora
fuzil.
Existe o real esboço
de traços
de rostos
respeitando o diferencial do perfil.

Entre um poste e uma árvore
existem centímetros em verdades arranhadas
sorrisos
e  a declarada arte no muro retratada.


Existe pão e dor
    o momento amargo
      a voz que canta e grita
         o conciliador
             e o aroma envolvente da pequena flor.
     
   
        
Entre um poste e uma árvore
existe um campo de experimentação
um  latido
uma criança
e a precisa determinação.
Existem vivências
o imbatível tom dos amores
violências
dividindo razões.


 - Existem ares interligados e olhares armados
     existe um território transitório e interativo para a educação
                 luz
                       destino
                                 um linguajar uterino
                                              cutucando a indigestão. –



Entre um poste e uma árvore
existe o vitral da vida nas calçadas remendadas de concreto
existem mofo
morte
feto.
Existem paradeiros e alpendres de afetos
a contabilidade em subdivisão
um solar de intrigas
lutas
medidas
e para azeitar ainda mais as primícias da sua personificação
existe o vai e vem irritante do livre trânsito
estabelecendo mão e contramão.


... Pouco importa!
Pouca importa
se a sonoridade diariamente investiga lucidez e razão
              com a beleza das notas e das interrogações.


 - Pouco importa à razão!
             Viver é pura interrogação. -


A Vila Ramos
é passagem
intercomunicação
um caminho assoberbado pelo excesso mutante das informações
pelo excesso da população
do sim
do não
e pelo aglomerado singular e hostil das gerações.


A Vila Ramos é tradução e tradição
temática lírica e visceral para canções
sonorizadas em rabeca
guitarra
violão.
Doce e ácida
a Vila Ramos possui vizinhança de anjo e de cão
como qualquer passagem deste solo chão.



- A Vila Ramos é tão Paris
                       com a sua Notre-Dame. –



A Vila Ramos é solo civilizatório
          de gente que norteia
              que pulsa
                    que desafia o processo imprescindível do viver
                           do viver e do querer.



 Sempre enfatizando com genuína transparência
            o viver pragmático
                            do seu real percurso.


           
A Vila Ramos possui veios
            trâmites
                  veias
                      focada na viabilidade opcional da razão
                                                 frente às escolhas.
                                               
                                               
                          










Rosa Watrin






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