07:17
Havia uma fala equivocada
não havia uma criança na calçada
intencionalmente
no clarão da alvorada
havia uma pipa sendo cortada.
A rapaziada?
Ah! A rapaziada
a rapaziada era hippie
era fumo avariado em consumo
era amor
era rock
na camiseta era stop!
Era um som dando um tom
um petisco
era um disco
no Brasil era um risco
quase um fim
era um dito Pasquim
agitando a turma
borbulhando em mim.
Paralelamente a língua era
redobrada
era um AI5
era um ato absurdo
era um trilho soturno
era um brilho no escuro
um sapato
um coturno
era chave
era trinco ...
era a volta de um brinco.
Entre gestos
era um rosto
um aborto
um abraço sem braços
era par de cadarços
era a caça de um cão com mil
gatos
era um parto.
O chão parecia o cangaço
um acordo
um cagaço
revestido da conivência da ação
era um fio
era um laço
ledo brio
dormitório subalterno de
estilhaços.
No memorial arquivado a
antidemocracia
o grito abafado
o submerso concreto aquartelado
um descampado minado
o corpo plantado.
E desde de então ...
existe voz
na voz da canção!
Apesar do derradeiro camburão
a sonhada utopia não morria
era um foco
era um guia
uma gíria que sobrevivia
nas madrugadas que o mundo não
via.
Veio o tempo
veio o movimento
veio a pá
veio o ventre
veio o dente
a ventania
a serpente
veio o crente
o descrente
veio o contratempo.
O tempo ...
o tempo em seu tempo.
Como não acreditar nas caravanas
na força humana
se o mundo vivi a girar
um lá
um cá
definições em cada olhar.
Assim é Belém do Pará
como qualquer lugar a se
decifrar.
Literalmente a fé faz do Norte um
altar
perdoando as malícias
acreditando no artista
na vida que às vezes dita
na plural natureza
mapeada em belezas
com delícias na mesa.
Meu caro amigo do bom versar
por que não finalizar
com um belo vem pra cá?
Vem! Vem para cá!
Vem compactuar com o trivial
linguajar.
Vem!
Vem sentir as valências que
movimentam este agradável lugar
a se denominar... propício!
Rosa Watrin / 16 de novembro de 2017
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